quinta-feira, 26 de junho de 2008

Alvorada é a Bahia do Rio Grande do Sul











Pai Cristiano entrevista na Rádio Salomé Baba Xandeko de Xangô






Pai Xandeko de Xangô

"Alvorada
Lá no Morro
Que Beleza
Ninguém chora
Não Há Tristeza
Ninguém sente dissabor!"
" Carlos Cachaça, Cartola, Hermínio Bello de Carvalho autores desta preciosidade cantada por Clara Nunes.

No dia 22 de Julho do corrente ano, estive na cidade de Alvorada, a convite do Jornal Estrela do Oriente. Quando me pronunciei, pedingo Agô, a todos e todas, falei sobre a cidade de Alvorada, referindo-me a sua significância do culto sendo a cidade com maior números de terreiros de matriz africana por metro quadrado do Rio Grande do Sul, uma Yalorixá sentenciou:"Alvorada é a Bahia do Rio Grande do Sul!" A música de Clara Nunes ecoou no ambiente e tocou sem parar na Rádio Comunitária Salomé 87.9 Mhz, de Alvorada( Nação, A deusa dos Orixás, Guerreira, Ilu- Ayê entre outras). As presenças dos Comunicadores Pai Cristiano de Oxum( uma pessoa muito iluminada que passa humildade e carinho no olhar, que se prontificou e vai vir cozinhar por alguns dias para crianças do Projeto Olá Sì Bó da nossa Associação Clara Nunes), Pai Beto de Oxalá, o Fabiano de Oxum de Ibeijs, e as crianças ao meu redor, davam bem o tom de resgate da religiosidade de Matriz Africana pela respeitabilidade. Estavam por Lá Lizete Silveira (Zezé de Xangô) Diretora Geral do Jornal Estrela do Oriente, ao qual honrosamente me convidara para ser colaborador em um espaço de meia página do mesmo, para falar da nossa religião, da Associação, sobre a vida da Clara Nunes e o Projeto de Implantação de Ervas dentro dos terreiros, as quais estou trabalhando junto as Universidades UFRGS e UNIPAMPA. Fui recebido com muito carinho por todos em especial, por Vera Lúcia Silveira (de Oxalá) Redatora do referido jornal, e que faz assessoria técnica na Rádio Comunitária. Muitas pessoas compunham o quadro de cidadania religiosa, com filhos de santos, populares e técnicos da rádio Comunitária. Um ambiente muito receptivo e impregnado de boas vibrações onde emanavam através da ação da oralidade, o amor pelos nossos Orixás.
Ao ser entrevistado, contei a história do nascimento da Associação, falei sobre a importância da Cantora Clara Nunes dentro da Música Popular Brasileira e a luta que empenhou por toda sua vida em divulgar e resgatar a dignidade da cultura negra no Brasil e pelos cantos do mundo onde ela pode brilhar absoluta.
Questionado por Pai Cristiano de Oxum, sobre a lei do Executivo Municipal, que nos atinge em cheio, quando tenta nos impedir de cultuar nossos Orixás, impedindo-nos de sacralizar animais e depositar nossas oferendas na natureza, transmiti para os radiouvintes da emissora nossos procederes. Informei sobre nossos enfrentamentos e as tentativas de outros segmentos religiosos, com intuítos de invibilizar a cultura de matriz africana. Ponderei que só com políticas públicas de inclusão é que podemos reverter esse processo. A luta é de todos aqueles que sabem do nosso comprometimento com a causa da matriz africana, que vem sendo atacada desde o Brasil Colônia, com a chegada do Tráfico Negreiro neste nosso Brasil. Enquanto permanecer esse processo de vilipêndio e de expropriação da contribuição cosmológica, mitológica, cultural e de religiosidade do povo negro, estaremos no retrocesso, propulsor de mazelas sociais que inferiorizam toda as ações de resgate e cidadania da cultura de um povo, que espiritualmente se firma como mártir atemporal de uma sociedade classista, mercantilista, determinista, positivista e racista!
A cada pausa para um gostoso cafézinho, ouvia emocionados bravos de "Kaô Kabelecile!". Senti que as palavras que meu Pai Xangô me colocava na garganta, eram palavras de ordem, para se retomar o equilíbrio necessário para mantermos nossos juramentos perante as nossas forças da natureza. As pessoas ouviram pela rádio e recebi muitos elogios. Não me envaideci não. Estou apenas cumprindo uma vontade do Pai. Xangô é quem sabe tudo! Eu? Eu quero continuar feliz vendo o sorriso das crianças, das pessoas, conviver com a religiosidade e principalmente estar rodeado de amigos e da natureza. Feliz por cumprir aquilo em que acredito e por meu Pai Xangô e todos os Orixás me colocarem pessoas de verdade no meu caminho. O pessoal da rádio já agendou uma nova visita e com muita honra voltarei em nome dos Orixás e dos novos amigos que fiz! Eu voltarei a Alvorada com a graça dos Orixás. Oxéu!














Um ato de protesto por Justiça com Equidade para a Matriz Africana













Vivo dizendo que justiça se faz, com equidade! Não queremos destruir com nenhum segmento religioso, apenas estamos nos posicionando contra leis que sem ao menos nos chamarem para discutir o seu conteúdo, são implantadas ferindo nosso direito primordial de liberdade de culto, assegurados pela nossa Constituição Brasileira no Artigo 5º. Nosso Protesto foi realizando rezando para nossos Orixás. Não dispunhamos de nenhuma outra arma a não ser a nossa firme convicção pela interferência de Xangô e suas tábuas e Leis Divinas. O Alá, do nosso Pai Oxalá, representativo do firmamento e da benevolência de Olorun, foi estendido, enquanto a vassoura de Xapanã, era movimentada, limpando as atrocidades, o desrespeito e a tentativa de invalidar toda a nossa cosmovisão de culto ancestral de matriz africana. Valeu a luta, no outro dia ao chegar em casa a Comunidade estava eufórica pela minha foto(roupa xadrez e turbante)


l Diário Gaúcho. Fiquei lisonjeado pela representatividade das características indumentárias de Oxum as quais estava honrando, e a visibilidade as quais ganhamos espaços me fez lembrar dela: Clara Nunes. "E de guerra em paz, de paz em guerra, todo povo desta terra, quando pode cantar... canta de dor!" Axé a todos e a todas.